quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

ESTUDO SOBRE A CRIAÇÃO SOB UM OLHAR CANDOMBLECISTA – PARTE III

Autor: José Pedro Manuel

Motumbá amigos (as), deste BLOG.


Com alegria venho novamente dar continuidade ao nosso estudo. Nunca esquecendo que a diferença é estarmos confrontando realidades contidas na Bíblia Sagrada Cristã, onde vemos claramente a presença do Candomblé, representados nos Orixás. Sabendo que estamos lidando com uma religião muito mais antiga que o cristianismo.

Nas partes anteriores, devemos nos recordar na criação do mundo através de Olorum, que se preocupou em criar as forças da Natureza, que nada mais são que os Orixás na sua forma mais pura.

Vimos a criação de cada parte que compõe hoje o mundo em que vivemos, mas devemos lembrar que cada Orixá tem seu elemento próprio que o separa até mesmo em Reinos. Reinos, estes que vamos falar a frente, pois é referente aos seis (6) dias da criação.


Hoje vamos falar da criação do homem, o ser, criação à imagem humana de Olorum como ele mesmo diz: “A sua imagem e semelhança” Gn 1; 26. Com a função de reinar, sobre os seres por Olorum criados: peixes, flora, animais, aves, a própria terra.

O mesmo que foi posto como parte fundamental do grande paraíso, o primeiro Ilê formado na terra, o grande Ifé.

Vemos que nesta criação houve a grande necessidade e participação de Oxum. Conforme vemos em Gn 2; 5 – 6, a criação não estava crescendo, pois não chovia. Mas que da terra subia um vapor que regava à superfície. Percebemos então que a realidade da presença fundamental de Oxum, como relata a MITOLOGIA DOS ORIXÁS é de fato concreta, para que a vida fosse gerada.


Mas não podemos nos esquecer do valor do elemento terra em tudo que se refere à vida também. Vemos este assunto tendo início em Gn 1; 26 – 28, mas de fato os detalhes desta criação esplêndida, ganham destaque em: Gn 2; 7 “O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou-lhe nas narinas um sopro de vida e o homem tornou-se um ser vivente.”

Neste versículo bíblico, analisando mais profundamente percebemos três realidades reais que talvez nunca tivéssemos parado para pensar:

  • ·            A ligação real do homem com Olorum, que se preocupou em criá-lo à sua imagem e semelhança; mostrando sua predileção.

  • ·           A ligação do homem com o reino da terra: uma ligação clara e óbvia, que todos nós temos com Omulu, Senhor da Terra. Aquele a quem recorremos nos momentos de enfermidade e qualquer tipo de assuntos relacionados à saúde. Pois vemos claramente, que fomos modelados da Terra.

  • ·          A ligação total com o Reino do Ar, onde Oxalá sopra nas narinas do homem de barro o sopro da vida. Razão esta, que se aplica: “Oxalá é Pai de todas as cabeças”; pois é ele que sopra em nós o ar da vida.


Outra realidade que percebemos na paisagem que o texto nos demonstra é um jardim, muito bonito, cheio de todas as espécies de árvores, plantas, ervas e flores por onde o homem passeia. Bem como aos seus cuidados estão os peixes das águas salgadas e doces, os animais das matas e dos campos. Gn 2; 8 – 9.

Mas percebemos outra realidade, de supra importância, que aconteceu neste fato bíblico muitas vezes já lido por muitos, mas que nem se deu a devida importância, Gn 2; 9: “A arvore da vida e do conhecimento do bem e do mal, plantada na parte central do jardim”. A primeira roça de Candomblé.


Esta árvore central que me refiro concretamente é o grande Orixá do conhecimento do bem e do mal. Estou falando de Iroko. Que até hoje, sua presença em qualquer roça de Candomblé, fica exatamente na parte central da Roça.

Outra realidade constante neste Capítulo da Bíblia Sagrada Cristã é novamente a presença de Oxum, representada por quatro rios, que correm o jardim irrigando toda a terra. Um dos quais, percorre uma região determinada com grande presença de ouro. Gn 2; 11.

Existe na verdade uma coligação muito forte entre o primeiro homem e o Orixá Ogum. Um dos orixás que já foram viventes na terra e que morreram se tornando depois um ser divinizado (Orixá).


No versículo 15, deste capítulo 2, percebemos que foi conferido a este mesmo homem o dever de cultivar e guardar o grande jardim. Ou seja, vemos que para exercer estas duas funções, ele devia criar armas de defesa bem como instrumentos de trabalho para cultivar a terra; condições claras do Senhor do Ferro, que confecciona estes tipos de ferramentas.

Outra questão interessante é o termo que ainda hoje escutamos em algumas casas de santo: “Bolar no Santo”, ou “Sono do Orixá”. Uma realidade que também ocorreu neste capítulo da Bíblia Sagrada, no versículo 21, do Capítulo 2: “Então, o Senhor Deus, mandou ao homem um sono profundo”. Deste sono, retira-se uma costela daquele primeiro homem, para criar outra criatura para lhe fazer companhia; neste caso a primeira mulher.


Vemos que hoje, este mesmo profundo sono em certas ocasiões acontece, mostrando a necessidade de permitir o nascimento de uma nova criatura. O famoso nascimento do Orixá.

Espero que estejam gostando deste estudo e que não deixem de acompanhar cada parte.

Axé.

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